geme, geme, o vento na penha alta
e eu conjugo com ele a solidão
mas que importa se é esse o estado
em que mais sinto a força e o fulgor da tua mão?
meu querido, a tua voz na ramaria
a nortada do teu grito ungido
que se uniu ao meu degredo
pelo tempo que nos suplanta
o que o tempo nos deu...
mediterrânica luz o dia me lançou
azeitona e pele na denúncia do sol
leves, levitaram no meu olhar
nuvens que noivavam sem saber
e agora a penumbra range no meu peito
tanta palavra gasta e tanta distância achada...
e tanto os meus ouvidos se alongam
para ouvir-te dizer a palavra
seja ela qual for, o sinal que salva
o lenço branco que não se rende,
só se realça
querido, meu querido
que bom que é iludir-me com o calor da tua fala...
se me fez bem, que importa se tudo visava uma
outra alma?