sexta-feira, 11 de julho de 2008


(imagem minha)



amanhã vou ver a minha sombra, vou passar o dia a olhá-la impressa na calçada nobre de um qualquer lugar de lazer onde meus ossos pousarão na brevidade de uns dias. para não me sentir só com a minha sombra, imagino que há outra sombra ali ao lado, e que me oferece o braço para correr o tempo até ao seu limite. amanhão vou medir o perímetro das árvores, com o ruído álacre dos pássaros por medida. amanhã vou escutá-las que há muito as não consulto. a serra serena, e os seus mistérios de Byron, amanhã deito o sol atrás da serra e fico a ver o raio verde, talvez até o pinte e to ofereça, sombra que me queira. depois ouvirei da serra as nocturnas e inquietas aves, as almas juntas encantadas que os penedos armem, as penhas frondosas que ocultam miragens de velhos palacetes. amanhã alugo o teu palácio e fico lá dentro a recordar-te no futuro que nunca haverá, como moçárabe encantado a meus pés, em tanques de rosas e tépidas nascentes, amanhã vou a banhos para um lugar onde só quem me quer e quem me sabe, verdadeiramente me sente... e o sorriso tímido do sol virá entre as nuvens acudir-me se a chuva vier de repente e eu não estiver preparada para me refugiar num quarto sem a tua voz presente. amanhã chega o meu tempo. serei livre como a serra e o mar, esse, ouvi-lo-ei de muito perto, como um rumor de cascata.