terça-feira, 22 de abril de 2008

teias douradas



teias douradas tecidas a seda
travessos lampejos de luz sobre mim,
não sei quem és nem como na sombra
me beijas assim
leveza que leva a leve embarcação
luva levantina levante rasura
assinas por mim a morte
e a vida
envolvem-me os membros
membranas sem fim, sou cisne
sou sorvo néctar de jasmim
só porque voltaste como quem
perde a memória e se recorda
do lugar do amor
no cheiro de um velho jardim...

voltaste vidente vergado
e viril
magro e encovado
tremendo de frio
meu manto está pronto
feito de paciência rematado
a espera e cozido na ausência
bordado com as rosas que a vida dispensa
enrendado de aureas que a alma
contempla

deserto frondoso detém teu delírio
que beijos me embebes
no corpo inseguro

mergulha na areia teus passos perdidos
ocupemos a noite, homem desvalido
quem és que vagueias
como um peregrino
pela terra recente de meus frágeis sentidos...?