terça-feira, 29 de abril de 2008

captivate


gravo os olhos na paisagem, sisudos os montes e a ponte tão cinza como o céu de chumbo. é em dias assim que o sol de dentro nos reserva um lugar na vida, repleto de pérolas tardias e roseirais secretos, onde esbarram notícias contrafeitas de aumentos e despeitos da voz dos tempos. é neste dias que tomo o pulso do amor, devagar, sem saber se o sinto, ou se me sente, uma embarcação que me permito tomar, em devaneios concretos. estou feliz, não importa o que o dia me trouxer. o sono adiado persegue-me o vincado dos olhos, mais uma ruga que me marca, mais um sorriso que desponta. sento-me a inaugurar o dia, o café, o coração do tempo coberto de nafta, céu apertado e estreito, gaivotas ocultas, um transatlântico à minha frente, parado. matrizes, papéis, um ecran de plasma, captivates incompletos, a teimosia de ir mais além e ao fundo, o Tejo, constante, ritmado nas suas ondas invisíveis. vou nesse barco ao rés do dia. talvez te conheça afinal, margem feliz dos meus dias. serás? capto profundamente o dia. absorvo o mundo como uma onda de vida. ensina-me a conhecer a tua marca de água nesta sentida melancolia...

bom dia!