a noite é curta para existir. carrego o dia, as mãos feridas, carrego a minha vida para aqui e acolá, amanho o sol na terra, cultivo a minha pele, penetro inteira no dia, sou livre na minha roupa larga e simples, peneiro o pão e encho a eira do meu coração desfolhando sorrisos. cerceio-me como lenha ao lume, imprimo no horizonte a vastidão do pinhal e os meus olhos regridem para o esquecimento do corpo. não sei se me alimento, na verdade, vivo para viver o sol e no dia me embebedo calmamente, deixando a faina cansar-me devagar, enquanto à pressa acrescento ordem ao meu mundo. aqui sou feliz. e quando a noite depurada e limpa me chama a ti, cá dentro da minha paz acende-se uma centelha de cintlação maior e essa luz és tu, e tu és o lume do amor...