um secreto azul aflora a face onde floresce a noite fresca ao lado do seu trágico desfecho. a noite é uma floresta adiada, secreta fala que rompe a terra em busca de raízes. como Oriana busco o espelho onde me cubro de tranças verdes, luminosos narcisos na boca dos peixes. como ela desço à floresta sem ver os seres aflitos que me precedem em busca do sorriso. à minha volta o canto das flores anuncia a manhã do paraíso, mas eu só vejo a sombra vazia que me segue, a alma negra do lago dos nenúfares. Oriana desprevenida deixou de guardar a floresta para olhar o espelho do lago e ao lago caiu profundamente ferida. choram-na e esquecem-na os esquilos matutinos, as criaturas indefesas, os predadores que a temiam, as aves garridas e brejeiras, nos seus chilreios álacres, talvez também ela se chore recíproca no meio dos juncos, talvez Oriana se erga e volte e venha no seu secreto azul segredar segredos às plantas pela tarde, semear desejos nos lábios das cerejeiras, sorrir de forma azul para todos os seres, esquecendo-se si, dando-se toda inteira.