quarta-feira, 27 de junho de 2007

rosas frequentes


esta noite não posso apagar a noite
não sem te falar na noite crescente
uma noite labiríntica entre tochas
nos limites obscuros do meu corpo
as minhas mãos movem-se aleivosas
por entre a penumbra a noite toca-me
e todas as luzes que acendemos
ardem em mim numerosas

como a lua desespera alta no céu
também aqui na terra eu desespero
sou um fragmento perdido no deserto
talvez uma bolha de ar vazia neste verso
também eu esta noite te procuro
busco uma fenda no espaço do tempo
um buraco na zona mais misteriosa
do teu mundo e movo-me dentro
e todas as luzes que acendemos
ardem em mim numerosas

tudo me confunde quando entro
tensamente o teu sangue em movimento
artérias alteradas marcam o compasso
o fino recorte do desejo

tudo me confunde quando vejo os teus olhos
lugares sem vida na frontaria do teu rosto
semearam-se longe, os teus olhos foram-se
partiram para as colheitas de Agosto
só o teu corpo me esclarece a viagem que
leva dentro

porque te desejo
esta noite, não posso fechar a porta
do nosso mundo, tu sorris, eu acrescento-me
fica aberta ao vendaval que desencadeias
tu adentras-te, eu intormeto-me
contorcemo-nos como folhas ao vento
a dor vai, a dor vem-te

e a noite é um espaço negro
a noite cresce no corpo e acaba cedo
mas fende o férvido ventre
e todas as luzes que acendemos
ardem em mim como rosas frequentes


Boa noite, querido!