segunda-feira, 2 de abril de 2007

letargia



habitar um filme qualquer e ser de renda o meu regaço, ser pomba presa nas mãos de um herói de longos braços, nadar num lago azul sob a forma de cisne, um cisne apático, fora de mim sintonizar a realidade e nunca ser eu o meu próprio habitáculo. apagar o cansaço, o cansaço de me ser fiel, o pobre corpo pesado que não voa mais além, pesada sob os escombros das palavras que nunca me deixam chegar ao outro lado. nem sequer consigo imaginar como será o outro lado, aquele que nunca vi. sei lá como será suplantar a melancolia nos braços da morte, nem sequer sei suplantar-me na indigência do sentir. fala-me hoje de encontro ao coração, talvez eu letargicamente me transforme em ave maior e voe enfim para o limiar do sonho onde já não sei pronoitar. sem ti.