segunda-feira, 11 de junho de 2012

Uma borboleta esvazia as suas órbitas contra o sol,
É a sua forma de se embriagar de luz
E de infinito, de lume e de prodígio,
Curta como é a cintilação dos seres
Frágeis os ossos que enchem o tempo
De fugacidade - voos aflitos.

Adejam as asas de um verso,
Como se vê no andar ébrio do poeta,
Ou da borboleta, porque é o fim da primavera
E nos caminhos da serra a sede já espreita
Todos os rituais se cumprem em semicírculos
Entre a folhagem e a cara fresca das flores

Não encontro o meu estojo de pintura
Para fixar o poeta e o poema,
Na plumagem garrida
Dos seres e da folhagem

Não há tinta que cubra plenamente
O fio de melancolia ao redor do poeta
Nem o bailado derradeiro da primavera
Na paisagem