terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

está quente o meu deserto
nestas areias me envolvo
e me remexo
e não quero sequer
usar os olhos
nem os ombros
para abrir os axiomas
que trago cansados
pelos anos e pelos
(des)entendimentos

não sei
e hoje até é dia
de não saber

só quero manter
intacto este calor
no meu deserto ao sol
sob a areia da tua voz
a dormência do teu
olhar que me
vertes só

nestas horas mais fundas
que o tempo nos concede
aqui somos inteiros
e nada nos precede
fica nesta ampulheta
comigo
até que a manhã venha
e tudo nos desapareça
estando enfim a viver o inverso
da vida que vivemos
eu e tu, pelo verso
e pelo sonho