o rio a rede
o negro imóvel
de um céu preso
o rumo desatento
a rosa azul no cais arável
rigorosamente Inverno
e tarde apática
uma só margem
um só olhar
de ver a ponte
no rumor seco da paisagem
triste cidade
quando o sol recua
e as nuvens são capa difusa
que encobre o perfil
de Almada
e eu
que busco a essência das coisas que se mostram súbitas
como um golpe de luz, ou de uma espada
fico presa no fio de um poema
que escurece lentamente
por não ter paisagem