domingo, 26 de abril de 2009

sou uma frequentadora de Domingos
páro no meio do dia e decido ficar só
a imaginar que todos frequentam
um outro dia qualquer

deixo que o tempo vá esvaindo a tarde
enquanto me arrefece o chá e a memória
e tudo se esvai na não existência
de tudo ser não sendo agora

casa feliz onde nada muda
a não ser a inclinação do sol
só passa a sombra que ensonada vem
lembrar que é hora de partir
para outro dia qualquer

sou uma frequentadora do tempo
quero-o parado e lento
como uma rosa seca num vaso sem cor
quero a lentidão das nuvens,
e o luminoso odor da ventania
quando vem cálido e frio
lembrar que a Primavera
é neste dia


e quero-te a ti, meu amor
o murmúrio de um jovem rio
que nas minhas margens vem depor o riso
o seixo e a espuma de uma tarde morna
passada longe a sós comigo
e com a plavara que ora vai, ora torna
a ti meu amor, quero-te agora...