que exprime o risco
a roca o ramo
que exprime a rosa
quando pinga e eu te chamo?
quantas aves
sobrevoam os meus olhos
para te verem
quantos limões bebem os lábios
e quantas pedras depreendem
os silêncios?
e este frio
que vasto me
contrai
ânfora, quadril,
barro da pele
e o centro vago do desejo
tão impreciso, tão insurrecto
tão perto o beijo
tão longe o gesto?
e quando a fuga
em fogo veste
a noite em tule
e o teu nome vem à sombra
a tua pele ao sabor
da minha sede
a ausência é de cristal
tão imperfeita
que a morte em seda
vem ao cimo e cai
em trapo velho
porque a vida vem mais cedo
quando me fecho em ti
e do interior da minha solidão
enfim te olho...
boa noite... hoje sinto-te mais
e mais dentro de mim?