sábado, 8 de novembro de 2008

na secreta suavidade da seda

chama funda este silêncio de agora
calados perpetuamos o mundo
nas camadas mais lisas da aurora

um rio raso no olhar,
tamanho como o tempo
este leito de rosas reunidas
nos laços dos sentidos
onde sabemos dos espinhos da distância
e dos murmúrios leves nos ouvidos

meu amor, esta noite tem voz e veludo

vagueia-me a sílaba insone na boca
querendo alcançar-te
no vinco mais íntimo
do teu corpo
limite e lume
lânguido e rouco

venho no inverso
da noite
na vibração do oceano
num vento salino
num beijo armado

no vácuo de tudo que nos vagueia
na vontade de encurtar atalhos
e de me abrigar no teu sorriso
venho esta noite viver-te
na secreta suavidade da seda
como se a noite que nos une
enfim viesse álacre e leda