lugar inútil
antes remoinho e vendaval
tempestade e fuga
febre felina
oratório e vendaval
lugar inútil
sem as rosas enternecidas
os lírios do luar
lugar inútil
deserto avisado
sem lustro nem mar
ossos de areia
lânguidos ossos aqui vão ficar
poemas tranquilos, inquietos
sem tino, sem nada esperar
em horas tão nuas, ornadas
de rendas e luas, trémulas manhãs
nascidas da noite de tanto
sentir-te, de tanto sonhar
amor, meu amor,
esta carta é um pássaro a planar
que quse não vês nas alturas
ama como puderes
o amor que te une à vida
luta como puderes pelo teu sonho
entre a Lua e Sol todo o metal
se transmuda em matéria nova
cântico e ternura, saberás consegui-la
eu já vendi todos os ramos que trazia
nada mais faço aqui, no cais
que me viu chegar ébria de vida
para afinal abraçar a solidão
da poesia...
adeus, meu amor, agora vou,
já tardava o dia do repouso
o rio que me leva levará a memória
de tudo que um dia julguei nosso
e talvez não tenha sequer sido...
o esboço de uma estória.