ocorre-me às vezes encontrar palavras que visto na minha pele. são abraços leves que alguém prodigaliza e que eu gosto de imaginar que vêm dos lábios teus. é nesse momento que tenho a certeza que existes e que não te invento. configuro os teus olhos meigos povoados de luz e é como se tos beijasse docemente, num leve roçar de borboleta. sim, é muito fácil para mim imaginar a robustez da tua voz e afundar-se na minha, melodiosa e terna em perturbantes loas de ternura. gosto de pensar que me abraças antes de dormir e me confundes com a tua pele, mesmo que seja mentira e o falso cenário que me emprestei em nada me reverta... mas colecciono essas palavras para ser feliz, e não são vasos de gerânios, nem nada, são cartas de gente que conspira com a vida e justifica passos, receios e indecisões, em nome do mais puro amor que a vida oferece e retira, uma travessa de prazer e bem estar, para com o impossível ser. revi a A Amante do Tenente francês, uma destas noites. no final a decisão cirúrgica, a bisturi. a separação do amor do presente, face ao encontro feliz do passado. entender-me-ás. estamos assim... a vivenciar a vida do lado da razão, mas a fazê-lo com loucura, com profunda peroração da entrega do outro lado, onde a vida também se produz. escreve-me como essas pessoas fazem, quando sabem que chegou o momento de dizer. e deixa-me hoje partilhar o odor da serra, o vento fresco da noite, a frescura do mar ainda no meu corpo, o beijo do sol que tanto tive. e este abraço imenso com cheiro a pinho, deixa-me que to sopre assim devagarinho sobre o corpo, bem como a brisa que ora me esvoaça pelo cortinado, que te refresque por dentro do olhar a febre salgada do tempo que o tempo nos tem feito passar. e... há tanta ternura nos lábios que te falam... quando te ouvem...
fala-me
fala-me