quinta-feira, 26 de junho de 2008
as frestas do corpo
vês
como
a
noite
é
um
cabo ventoso?
vês
como
arrecado
as rosas
ruborizadas?
vês onde
no meu regaço o fogo alastra
em gozo?
vigorosamente o vento uiva nas frestas do corpo
noite uivante eivada de vida e a volúpia talvez
ainda nos sobreviva no estendal que recolhemos
e vês como em seda o sono é macio
e o corpo manso, vulnerável ao fio de um toque
e o ventre a vibrar talvez no arrepio da ventania
mas o silêncio só nos vislumbra a fala
os murmúrios ternos amarrados
a manta de beijos quiçá desdobrada
e o vigor do vento desatado em fralda
a camisa erguida da coxa à nádega
o teu toque quente finito e urgente
uma onda que nos alastra por dentro
o amor é uma quilha que crava na água
a força viril do vento e nela se funde
e se salva...