estás aí onde a areia te move e te adorna com milhares de cristais de luz e de recados. posso descobrir-te o rasto entre os escombros que revolvo e liberto para te dar prazer. esta é a norma do meu ser, a nítida carnação da alma em cardos e cactos de encontros e cândidas procuras de mãos algemadas impudicas e profanas. este o zénite de todas as viragens, o ponto onde o mundo se pontua com vírgulas e novos rumos no rumo principal da nossa rotação. é com esta areia peregrina que te pranteio a vinda e te abraço vivo e visivelmente meu, único entre as estrelas e os candelabros de uma existência raríssima, dulcificada por ti. assim com estes grãos de amor, o deserto é o lugar mais povoado que conheço e nunca contigo me sentirei só em lugar nenhum do mundo. meu amor, este adorno de damasco nos meus peitos, a lenta respiração que te brande palavras como gestos são apenas pormenores do amor mais puro e mais fervente que se conhece. amar-te é inundar de grãos de areia a tua pele, miná-la de amor, estremecê-la na união mais funda, urdi-la de beijos e rosas levíssimas no sonho da madrugada mais longa...
sonho-te agora