segunda-feira, 21 de maio de 2007

luz violeta




gostava de rasgar os céus com a palavra
sou uma voz quase apagada tão distante
pouco mais sei dizer que não seja inútil
e tudo que posso dizer é irrelevante

mas como as manhãs sempre regressam
também eu me desponto nos meus versos
tudo em mim é voz ternura e gesto
nos raros momentos em que te vejo

e sempre que a tua imagem rasga o tempo

a utopia reacende um facho azul perfeito
meu amor, este amor sai-me de dentro
uma violeta luminosa rompe o peito


e louvo o teu olhar a tua fronte
e amo a tua gesta e a demência
e adoro a tua voz quando me aqueces
e até adoro o teu silêncio se me esqueces

mas nada do que diga muda o lugar dos astros
nada do que sou muda a marca dos teus passos
sou como a insuspeita árvore de um bosque
talvez aromatize o ar, mas nada que se note

talvez até consiga mover os grãos da areia
levantar poeira ocasional que seja
mas a minha palavra já vem rarefeita
e o deserto que me espalha nunca grita

meu amor eu agito para ti o pó lunar
cada palavra espalha a poeira sideral
são raios violeta de mais querer
recebe com amor o pouco que sei dizer