domingo, 14 de novembro de 2010

renda e rosas

a tarde em renda e rosas
uma apoteose rubra e dourada
e o pulso ágil desta mão
que sobe pela tarde
e a prega assim azul e leve
no olhar cansado
da idade - quero registar o tempo
de hoje, a memória do minuto já passado
como uma incursão secreta 
nos versos que declinam a vida
com o declinar da tarde

este jasmim que trago nos olhos
e o rosmaninho seco das terras áridas
um nó seco na boca
como vómito de palavras
são bocados de mim que resistem
ao deserto fundo escavado
nos confins da minha alma

e se hoje não te tenho, meu amor,
amanhã não terei nada
e se amanhã não te tiver,
nada terei tido, ou pouco mais
dos meus dias terão deixado
de mim no vasto mundo alguma marca